Nessa edição trago uma reflexão sobre como a arte reflete a ciência. Uma arte baseada na literatura, nas histórias criadas por nós. No final, deixo um convite para você que gostaria de saber mais sobre esse universo científico literário!
Boa leitura! 📖
Como leitora, meu gênero favorito é ficção científica. Desde criança gostava de ler histórias que mesclavam fatos com conceitos imaginativos. Achava inacreditável como os autores conseguiam criar algo tão complexo e profundo, e que nos fazia acreditar que aquilo poderia existir. Tanto, que meu livro favorito é: Eu, robô de Isaac Asimov.
~ Um velho exemplar de minha mãe, remendado, e edição de bolso.
Poder desconstruir o que já existe e criar algo novo e que nunca foi pensado ou imaginado é o que mais admiro em escritores de ficção científica. Mais do que as suas narrativas e enredos bem construídos, como eles conseguiram conectar o que antes pareciam coisas opostas? Como criaram essa intersecção entre os fundamentos da ciência e um mundo imaginativo? Como a sua arte reflete a ciência que nos rodeia?
Para cientistas, algumas histórias podem parecer irreais demais. Meio forçado, pouco fundamentado. Outras histórias, com narrativas distópicas, sociedades futuras, viagens interestelares e mundos pós apocalípticos conseguem driblar a mente científica, e tornam-se curiosas e instrutivas.
O que torna esse gênero tão instigante, tão curioso e tão científico e irreal ao mesmo tempo?
Os grandes autores do gênero criam o que chamamos de conceito de suspensão da descrença. Uma estratégia que transporta o leitor para a história, e torna as explicações, soluções e postulados ficcionais baseados na ciência em algo palpável e credível. Introduzem elementos imaginários que são baseados em fatos reais ou do passado, e que são cientificamente estabelecidos ou postulados por leis e princípios, e o enredo permanece no campo imaginativo.
~ É como criar algo que possamos acreditar dentro de um mundo ou universo irreal.
Dentre os autores famosos, podemos citar Isaac Asimov (Eu, robô & Fundação), Ray Bradbury (Farenheit 451), Arthur C. Clarke (Odisseia no Espaço), Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo) e Júlio Verne (Viagem ao Centro da Terra & Vinte Mil Léguas Submarinas). Todas essas narrativas nos transportam para mundos irreais que poderiam ser reais. Ao finalizar Eu, robô eu pensava: “e se no futuro houver uma ciência que estuda as emoções no cérebro positrônico de um robô?” (isso que nem existe cérebro positrônico). Ou então, será que o centro da terra é como Júlio Verne descreveu? Como ele poder ter pensado nisso?
A ficção científica faz isso! Nos leva a questionar ideias e hipóteses que não existem, mas que tem uma fundamentação científica. Por isso, nos parece tão próximo da realidade.
Mary Shelley foi a autora que criou a obra precursora desse gênero: Frankenstein em 1818. Ela foi a primeira que separou a ciência do misticismo ao criar o enredo da sua história. Depois vieram outras obras, como O Último Homem (1826) e O Médico e o Monstro (1886). Foi apenas em 1920, que o gênero ficção científica surgiu, sendo considerado um subgênero literário.
A beleza da ciência está no mistério do desconhecido, daquilo que nos fascina. É essa inquietude que cria um mundo imaginário e abre portas para a ficção científica. Um gênero de literatura que nos convida a visualizar o invisível da ciência.
Coleção Jardim Científico
Uma pequena curadoria sobre ciência, poesia e literatura:
🍃 O livro The Scientific Method escrito por Mary Alexandra Agner é uma coletânea de poemas científicos. Seus poemas estiverem presentes por 5 anos no Rhysling Anthology - uma coleção anual de poemas de ficção científica, fantasia e horror. Possui formação em ciências planetárias e escrita criativa, e seu trabalho une ambas as linhas de pesquisa.
🍃 O livro Poetry and Science: Writing Our Way to Discovery une ciência e poesia, abrindo as possibilidades para novas formas de experimentação poética, novas perspectivas sobre as ciências e novas ideias científicas. Uma coletânea de 5 poetas - Elizabeth Bradfield, Lucille Lang Day, Alison Hawthorne Deming, Ann Fisher-Wirth, e Allison Adelle Hedge Coke - que discutem as várias possibilidades que surgem quando unimos ciência e poesia.
🍃 Symphony of Science é um projeto incrível que criou uma série de mashups musicais para divulgar a ciência e a filosofia através de remixes de pensadores científicos. Criado pelo compositor e realizador melodysheep.
Compartilho hoje a música The Poetry of Reality, que traz 12 cientistas que promovem a ciência através de palavras de sabedoria.
🍃 Uma pequena e interessante apresentação da estudante do Francis Holland School - Maya. Nessa apresentação realizada no evento TEDx Maya não apenas discute como o desenvolvimento científico influencia o mundo ao nosso redor, mas também como influencia as histórias que lemos. Um grande exemplo de como a literatura (arte) e a ciência estão conectadas. A apresentação é What’s the story of science in Literature?
Coleção Jardim & Poemas
Uma coleção de poesias que falam sobre ciência, ou poemas científicos (que nome escolher?):
Um poema que conecta a literatura de ficção com a ciência (física e suas leis).
Once upon a time de David F. Tatterson é sobre a segunda lei da termodinâmica, da aleatoriedade, e do tempo conectando com a história de Lewis Carrol - Alice no país das maravilhas.
David é um engenheiro químico aposentado que escreve poemas e canções como hobby.
Publicado na Consilience - o jornal que explora os espaços onde a ciência e a arte se encontram.
Um convite …
Desde que comecei a criar essa newsletter, surgiu uma vontade de explorar ainda mais essa intersecção entre ciência e arte (no formato de literatura e poesia). Após alguns meses experimentando, resolvi criar o meu clube de conversas literárias e científicas (talvez outro nome no futuro). Será um clube que se desenvolverá ao longo do ano, com encontros a cada ciclo para explorarmos publicações científicas e literárias. Uma experiência única para adentrar o universo da ciência e literatura.
O primeiro ciclo, ainda em fase inicial, será de boas-vindas para explorarmos e desenvolvermos juntas esse clube.
Se você gostou da ideia e tem interesse, inscreva-se na lista de espera:
https://mailchi.mp/445d7869065d/cube-de-conversas-literrias-cientficas